sábado, 15 de novembro de 2014

Análise da gestão Paulo Nobre: acertos e benefícios

__________________________________________________________________________________________________
Foto: reprodução
Perto do fim de seu primeiro mandato como presidente do Palmeiras, Paulo Nobre deixa uma série de impressões perante a torcida, que, em maioria, avalia como ruim a administração do mandatário nesses quase dois anos de gestão. Porém, outra parcela de torcedores são mais analíticos e enxergam boas ações feitas por Nobre.

Com isso, foi organizado nesse post o que realmente foi feito de benéfico no Palmeiras durante esses quase dois anos em que Paulo Nobre esteve no poder.

Choque de gestão, e a austeridade financeira

Assim que assumiu, em janeiro de 2013, Paulo Nobre mudou os planos que a antiga diretoria havia deixado para aquele ano, um deles foi vetar a contratação de Riquelme, que além de cara (salário de R$ 420 mil ao mês) era vista como duvidosa em custo-benefício. Iniciou aí a sua política de austeridade, que visa reduzir as despesas, com o fim de gerar maiores receitas. O que justamente o Palmeiras necessitava e ainda necessita.

Fim do Palmeiras B

O tão criticado Palmeiras B, que não revelava (quase) ninguém, teve suas atividades encerradas logo nos primeiros meses de gestão. Além de pesar no orçamento do clube, com uma folha salarial de mais de R$ 700 mil por mês, o projeto não estava dando resultados e era um “parque” para empresários.

Programa Sócio-torcedor

Criado no atual modelo em 2012, o Avanti teve um início surpreendente com quase 10 mil sócios já no primeiro mês de existência, mas em seguida teve grande inadimplência e cancelamentos de cadastro (muito devido ao rebaixamento) e fechou o ano com cerca de 9 mil sócios ativos.

No ano seguinte, com a perda do patrocínio master da Kia Motors, Paulo Nobre resolveu investir no programa que foi reformulado no meio de 2013, e fechou o ano com mais de 35 mil sócios, um aumento de quase 400% em relação ao ano anterior. Atualmente o Avanti tem mais de 55 mil sócios e gera (teoricamente) quase R$ 30 milhões anuais em receita.

Se continuar com esse crescimento, futuramente o Palmeiras poderá ser independente de patrocínio com os sócios-torcedores, evidentemente, pra isso o programa deve ser aprimorado de forma que seja vantajoso para todo tipo de torcedor, o que hoje não é.

Gestão financeira

O ponto mais crítico do clube foi o melhor conduzido por Nobre, e também o mais polêmico. Dentro dos recursos disponíveis, o clube conseguiu brecar a bola de neve que as dívidas estavam se tornando. O polêmico empréstimo que Paulo Nobre cedeu ao clube em seu nome foi fundamental para que o Palmeiras não fechasse as portas.

A medida extrema de Nobre se deu ao fato de em 2013 o Palmeiras ter apenas 25% do orçamento anual disponível, os chamados recebíveis (cotas de TV e material esportivo), o restante havia sido adiantado pela antiga gestão. Em 2014 não foi diferente, o clube teve 70% do orçamento anual à disposição.

A solução encontrada pelo mandatário alviverde foi a de pegar em seu nome junto aos bancos, quantias necessárias para que o clube pudesse cobrir o orçamento em falta. Especula-se que o valor total repassado por Nobre ao Palmeiras ultrapasse os R$ 140 milhões. Contudo, o clube saiu beneficiado pelo fato de, que com esse valor, não precisar fazer mais adiantamentos de cotas e prejudicar o orçamento de futuras gestões, além de economizar cerca R$ 300 milhões em juros, já que os empréstimos anteriores do clube feito junto aos bancos ultrapassavam os 200% do valor de CDI (Certificado de Depósito Interbancário), e com prazos curtos.

A dívida atual será paga da seguinte forma: o Palmeiras terá que repassar a Nobre 10% de toda a receita que o clube arrecadar por ano, até que o valor seja quitado, o que deve ocorrer em cerda de 15 anos, com correção do capital de CDI.

Durante a gestão de Nobre, uma coisa deve ser enfatizada: os jogadores do clube não sofreram com atrasos salariais, algo que vinha sendo comum no clube, e que pode ser explicado pela diminuição do teto salarial e os contratos de produtividade. Porém, em 2013 o Palmeiras fechou o ano com cerca de R$ 20 milhões de déficit financeiro, valor que poderia ter sido quitado com o patrocínio master que ainda é uma das carências do clube na Era Nobre. Apesar disso, o clube conseguiu reduzir a sua dívida líquida em R$ 12,7 milhões, passando de R$ 324,5 milhões em 2012 para R$ 311,2 milhões em 2013.

Futebol


Foto: Cesar Greco/ Ag. Palmeiras
No futebol o melhor feito nesses dois anos, sem dúvidas, foi o trabalho nas categorias de base que foram mais estruturadas e exploradas. A contratação do técnico Ricardo Gareca para o time principal também ajudou nesse progresso, o argentino implantou outra filosofia no tratamento do clube com os atletas da base. Vários jogadores foram revelados e integrados ao elenco profissional, tiveram contratos renovados e são esperança de competitividade e lucro futuro para o clube.

Outros

Os demais feitos dessa gestão que podem ser levados em consideração são: postura firme com as negociações envolvendo a WTorre; rompimento com as organizadas, e fim das regalias; criação e sucesso da TV Palmeiras; redução de informações internas, que constantemente vazavam na mídia; profissionalização de alguns setores administrativos; implantação de programas de gestão financeira e orçamentária (SAP).

Conclusão

Nesse biênio 2013–2014, Paulo Nobre promoveu poucas mudanças efetivas e visíveis em curto prazo, principalmente nos resultados em campo, mas é impossível avaliar seu mandato sem levar em consideração as duas últimas gestões que assumiram o clube, elas certamente influenciaram o desempenho da atual.

O bom legado que Nobre deixa é a responsabilidade financeira. A situação do clube está muito melhor do que quando ele assumiu. O grande vazio é a falta patrocínio master, mas logo ela deverá ser suprida. E em 2015 o Palmeiras deve ter cerca de 90% do seu orçamento à disposição (a cota do Campeonato Paulista 2015 foi adiantada na gestão Belluzzo), ou seja, mais dinheiro disponível para que a próxima gestão, seja ela qual for, possa investir mais no futebol.

Uma coisa é certa, a gestão Paulo Nobre não correspondeu à expectativa que gerou quando foi eleita, mas também não pode ser tachada como a pior gestão da história do Palmeiras como muitos consideram.

Sobre o autor: As palavras e ideias colocadas no texto são de responsabilidade do autor Matheus Barbosa, e não necessariamente representam as ideias do blog. Twitter

______________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Faça seu comentário!

 
Copyright © 2013 Palmeirismo
Design by Lucas Marques